O escritor peruano Mario Vargas Llosa é o Prémio Nobel da Literatura de 2010, foi anunciado hoje em Estocolmo pela Academia Sueca.
"Muito comovido e entusiasmado." Assim se sentiu Vargas Llosa ao saber que era seu o Nobel da Literatura deste ano. Foram as primeiras declarações do escritor, feitas à agência de notícias peruana Andina e citadas pela Lusa.
Mario Vargas Llosa recebe o 103.º Prémio Nobel da Literatura, atribuído pela primeira vez em 1901. É o 11.º autor de língua espanhola a receber a distinção, depois de laureados como Camilo Jose Cela (1989), Gabriel Garcia Marquez (1982), Pablo Neruda (1971) ou Gabriela Mistral (1945). O autor de língua espanhola que mais recentemente venceu o Nobel literário foi o mexicano Octavio Paz, em 1990.
Este é o quarto Nobel atribuído este ano, depois do de Medicina (Robert G. Edwards), Física (Andre Geim e Konstantin Novoselov) e Química (Richard Heck, Ei-ichi Negishi e Akira Suzuki) . O prémio literário tem um valor monetário de cerca de um milhão de euros.
Detentor de dupla nacionalidade espanhola e peruana, Llosa nasceu em Arequipa, no sul do Peru, a 28 de Março de 1936. Depois de uma passagem pela Bolívia com a família e já no regresso ao seu país, Llosa estudou na Academia Militar Leôncio Prado de Lima, ingressando depois no curso de Letras em Lima. Seria através de uma bolsa para prosseguir os estudos que chegaria a Madrid, onde fez o doutoramento. Llosa acabou por trocar Madrid por Paris, onde além de professor de Espanhol foi tradutor e jornalista da agência noticiosa France Press.Em 1959 publica a sua primeira obra, um conjunto de novelas intitulado “Les caïds”, mas seria quatro anos depois, com a edição de “A cidade e os cães”, que o seu nome ficaria conhecido no mundo literário.
Em 1966, a notoriedade de Llosa confirma-se com o lançamento de “A casa verde”. Seguem-se outras obras como “Conversa na catedral”, “Pantaleão e as visitadoras”, “A tia Júlia e o escrevedor”, “A guerra do fim do mundo”, entre outras.
Além dos ensaios, romances, novelas e teatro traduzidos em todo o mundo, o escritor é ainda conhecido pelas posições políticas que assumiu, nomeadamente na revolução cubana, tendo mesmo deixado Espanha e vivido em Havana. Mas em 1971 Llosa vira costas à revolução castrista e aos movimentos de extrema-esquerda, justificando-o com a oposição à existência de um “líder máximo”. Regressa de novo a Espanha, onde em 1993 consegue a dupla nacionalidade. O escritor, que havia sido distinguido em 1986 com o Prémio Príncipe das Astúrias, venceu no ano seguinte o Prémio Cervantes.
Mario Vargas Llosa foi uma das personalidades escolhidas para pensar a programação de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, estando debruçado, em particular, sobre questões relacionadas com a Agenda Europeia.
Lista de obras de Mario Vargas Llosa editadas em Portugal:
“A guerra do fim do mundo” (Bertrand, 1984)
“História de Mayta” (D. Quixote, 1987)
“A cidade e os cães” (Europa-América, 1977/ Dom Quixote, 2002)
“Quem matou Palomino Molero?” (Dom Quixote, 1988)
“Elogio da madrasta” (Dom Quixote, 1989)
“O falador” (Dom Quixote, 1989)
“A tia Júlia e o escrevedor” (Dom Quixote, 1988)
“Pantaleão e as visitadoras” (Europa-América, 1975/ Dom Quixote. 2001)
“Conversa na catedral” (Europa-América, 1972/ Dom Quixote, 1997)
“Como peixe na água: memórias” (Dom Quixote, 1994)
“Lituma nos Andes” (Dom Quixote, 1994)
“A guerra do fim do mundo” (Círculo de Leitores, 1995)
“Cadernos de Dom Rigoberto” (Dom Quixote, 1998)
“Cartas a um jovem romancista” (Dom Quixote, 2000/ Círculo de Leitores, 1999)
“A festa do chibo” (Dom Quixote, 2001/ Círculo de Leitores, 2001)
“A guerra do fim do mundo”
“A casa verde” (Dom Quixote, 2002)
“O paraíso na outra esquina” (Dom Quixote, 2003)
“A tia Júlia e o escrevedor” (Dom Quixote, 2003)
“Travessuras da menina má” (Dom Quixote/ Círculo de Leitores, 2006)
“Israel Palestina: paz ou Guerra Santa” (Quasi, 2007)
“Diário do Iraque” (Quasi, 2007)
No ano passado a distinção foi atribuída a Herta Müller. Em anos anteriores receberam também o Nobel da Literatura nomes como Jean-Marie Gustave Le Clézio (2008), Doris Lessing (2007), Orhan Pamuk (2006) ou Harold Pinter (2005). José Saramago, falecido em Junho deste ano, recebeu o Nobel em 1998, sendo o primeiro português a ser distinguido nesta categoria pela Academia Sueca.
Fonte: Público online.